O Gosto por Carros Antigos

É algo que não veio de uma hora para a outra, lá pelos 15 ou 17 anos de idade já tinham alguns modelos preferidos – o Puma GTE também conhecido como Tubarão, o Porsche 356 e o Mercedes SL 380 sempre fizeram parte da minha lista de preferidos.

Foto: estadodeminas.vrum.com.br
Foto: estadodeminas.vrum.com.br
Foto: www.nlakedrive100mph.com
Foto: www.nlakedrive100mph.com

Foto: www.bestcarpic.com
Foto: www.bestcarpic.com

É curioso como muitas pessoas desenvolvem um gosto específico por determinados tipos e épocas diferentes de carros, há aqueles que gostam dos modelos dos anos 20 – os tão famosos Ford de 1929, ou então os Chevrolet “pretões” da década de 40, ou até mesmo os incríveis Cadillac “rabo de peixe” dos anos 50. A minha preferência é pelas décadas de 60 e 70.

Foto: www.esplendorclassicos.com.br
Foto: www.esplendorclassicos.com.br
Foto: www.2blowhards.com
Foto: www.2blowhards.com
Foto: http://ipt.olhares.com
Foto: http://ipt.olhares.com

Aos vinte e poucos anos de idade eu já fuçava bastante na internet nos site de classificados sobre os preços dos Pumas, é curioso como a cerca de doze anos atrás era possível encontrar esses carros por um valor bem menor que hoje em dia. Não sei se porque eles não eram ainda considerados como antigos mas velhos, ou porque simplesmente não estavam “na moda”. Porém mesmo sendo baratos, eu nem trabalhava ainda e não tinha condições de comprar um, o máximo que fazia, quando achava algum anúncio muito interessante era mandar um e-mail para o proprietário perguntando alguma coisa.

 

O tempo passou, foi quando comecei a namorar uma menina, que hoje é minha esposa e o pai dela tinha dois Ford Galaxies, um 500, e um LTD, e então comecei a ter mais contato com carros antigos.

Galaxie 500
Galaxie 500
LTD
LTD

As conversas sobre o assunto foram aumentando, eu pesquisando sobre os dois modelos a título de curiosidade, e então veio o Fusca: Um belo dia, meu cunhado apareceu com um 1600 branco 1979. O carro inicialmente estava bem malhado, alinhadinho, mas era um carro de uso diário na roça, e por tanto todo impregnado de terra. Ele veio todo animado, dizendo que ia reformar o carro, fomo dar uma volta. Eu não andava num Fusca há quase 20 anos, desde que meus avós mudaram do sítio em que moravam para São Paulo. Lembro até hoje que meu avô tinha um 1500 preto que penso ser um 1971 ou 72, ele tinha o painel de madeira e bancos brancos (que estavam sempre cobertos com uma capa de um tecido tom azulado e peludo, hehehe). Eu já procurei muito na internet e nunca achei uma foto de um igual, certa vez li que esse modelo preto com bancos brancos era uma série especial, mas não sei mais onde vi essa informação e não consigo mais acha-la pra averiguar a veracidade. Ficam as saudades daquele Fuscão preto, eu me lembro até hoje do barulho do escapamento assobiando – outra coisa que quase não se escuta mais hoje em dia, provavelmente pela alteração das peças e regulagens originais.

Fusca do meu avô (foto de 1988)
Fusca do meu avô (foto de 1988)
Variant do meu pai e eu (por volta de 1981 ou 82)
Variant do meu pai e eu (por volta de 1981 ou 82)

Alguns meses depois e o Fusca que o meu cunhado havia comprado estava pronto, ele foi totalmente desmontado e raspado para repintura, o interior refeito também porém com estofamento moderno. Ficou muito bonito e chamava a atenção pela aparência de carro novo!

Eu diria que o segundo contato marcante, foi num final semana que meu sogro ofereceu o Fusca branco para eu e minha esposa darmos uma volta, nesta época o carro ficava guardado em uma casa que eles tinham em Jaguariúna, no interior de SP. Estávamos lá passando o final de semana e me lembro que o passeio aconteceu num final de tarde ensolarado de Domingo, foi a primeira vez que eu dirigi um Fusca, por volta dos meus 25 ou 26 anos de idade. A reação inicial foi de um pouco de medo: “Será que essa coisa para?” Lembro-me que estranhei muito a força que tinha que fazer no pedal de freio em comparação aos carros modernos com freio hidro vácuo. É interessante como às vezes são as pequenas coisas que marcam, durante a semana seguinte inteira eu fiquei com aquela sensação “que final de semana!!!”, e até hoje aqueles momentos me trazem boas lembranças.

 

O tempo passou e tantos os Galaxies como o Fusca foram vendidos, mais recentemente em 2012, um belo dia fui estacionar na garagem do meu sogro e qual foi minha surpresa? Havia um Fusquinha parado na vaga dele, desta vez era um 1300 cor de café com leite com o estofamento todo branco, depois viria a saber era um 1967. O forte deste é a originalidade, os bancos e laterais das portas parecem nunca ter sido trocados.

 

Bem, aqui foi o terceiro contato com um Fusca e muitos outros que vieram depois e continuam vindo até o momento. É claro que fomos dar uma volta, e talvez mais forte que a originalidade, seja a boa impressão de dirigir este carro. Foi aqui que eu me dei conta que um Fusquinha antigo poderia ser usado quase que como um carro normal, pelo menos no caso dele, ele havia pago um preço justo, por um excelente carro, que não paga IPVA, não se faz seguro (o que não quer dizer que não seja roubado) e tem grande estilo!

1967
1967

O Gosto por Mecânica

Bem diferente o gosto por mecânica não tem as mesmas raízes do gosto por carros e sim do aeromodelismo, para quem não conhece pode parecer estranho mas é isso mesmo, apesar de serem miniaturas tem muitos aspectos de mecânica semelhantes os de escala real, ou pelo menos os conceitos são os mesmos. O aeromodelismo esteve muito presente em minha vida dos doze aos vinte anos e assim como estou encarando o fusquinha, no aeromodelismo o prazer não era somente “voar”, mas também construir os aviões e fazer a manutenção deles. Só para se ter uma ideia abaixo as fotos de três motores: Mais a esquerda um motor de aeromodelo, um OS 320 (3.2 polegadas cúbicas ou cerca de 50cc). Ele é um modelo raro de ser visto pelo fato de ter quatro cilindros eu mesmo nunca vi um destes ao vivo, somente o de dois cilindros, a grande maioria dos aeromodelos utilizam motores monocilindros mas o intuito é mostrar sua incrível semelhança com os motores da aviação real. Ao centro, um Lycoming O 320, como diz o nome são 320 pol³ ou em outras palavras exatamente dez vezes maior que o motor usado no aeromodelo. Enquanto o OS desenvolve 4 hp a 8.000 rpm, o Lycoming desenvolve cerca de 160 hp a 2.700 rpm. Este motor é normalmente encontrado em aeronaves de pequeno porte quadri-places (para quatro ocupantes) como é o caso do Cessna 172 Skyhawk. Já mais a esquerda o nosso bom e velho conhecido VW 1300, que dispensa comentários, ah e falando de potência e rotação 46 hp a 4.600 rpm.

OS FP 320
OS FP 320
Lycoming O-320
Lycoming O-320
VW 1300
VW 1300

Na verdade além do aeromodelismo a aviação em si me ensinou muito sobre mecânica também, e mais propriamente dita no curso de Piloto Privado. Uma das matérias que os pilotos tem de cumprir como parte do curso teórico chama-se “Conhecimentos Técnicos” ela aborda conceitos como sistemas hidráulicos, motores a pistão, sistema de alimentação, características dos combustíveis, lubrificação, ignição e outros. Por sinal se alguém se interessar a bibliografia principal é o livro “Aeronaves e Motores” do Jorge M. Homa, apesar de ser um livro voltado a mecânica de aviação os conceitos básicos do funcionamento de um motor, carburador ou sistema hidráulico é o mesmo em seu fundamento. Além disso, como pode-se ver nas fotos acima o motor de um avião é extremamente semelhante aos motores refrigerados a ar da Volkswagem, tão semelhantes que não raramente encontram-se ultraleves operando com motores de Fusca. Quem não reconhece o formato do cabeçote abaixo?

Desde adolescente eu já gostava de mexer em algumas coisinhas simples no carro do meu pai, como troca das velas, sangria do fluido de frio e troca do liquido de arrefecimento. Lá pelos 19 anos eu já arriscava desmontar o corpo da borboleta (de um motor com injeção eletrônica mono ponto) para fazer a limpeza. O estudo de mecânica no curso de piloto me ajudou muito no conhecimento teórico, posso até me dar ao luxo de dizer que conseguia diagnosticar vários problemas até que com relativo grau de acerto, porém uma coisa é a teoria e outra é a prática e na prática somente agora com a aquisição do fusquinha mais de dez anos depois do curso de piloto é que eu estou aprendendo e me desenvolvendo neste lado, de uma forma amadora é claro.

 

Além de entusiasta por automóveis, aeromodelista e Piloto Comercial de avião, sou também formado em Administração de Empresas e Pós-Graduado em Governança de TI.